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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Irena Sendler: Guerreira da paz, O Anjo de Varsóvia
Durante a Segunda Guerra Mundial, Irena Sendler conseguiu permissão para entrar no Gueto de Varsóvia como encanadora e para fazer limpeza de esgoto.
Toda vez que ela saia do gueto, escondia uma criança no fundo de sua sua caixa de ferramentas, ou em sacos de lixo. Ela adestrou um cão, para fazer barulho quando ela deixava o gueto, e assim distrair a atenção dos guardas nazistas. Ela salvou 2500 crianças da morte.
Nos momentos finais da guerra, ela foi descoberta, e os nazistas quebraram as pernas e braços dela.
Cada criança salva, tinha o nome escrito em papel, e escondido em uma jarra enterrada no quintal dela. Após a guerra, ela pegou o registro de cada uma das crianças, e tentou achar os parentes. As crianças que ficaram definitivamente sem parentes vivos, foram orientadas para adoção.
Em 2007 ela foi indicada ao prêmio Nobel da paz, mas quem ganhou foi o Al Gore, por seu power-point sobre mudanças climáticas.
Ela morreu em 2008, e seu trabalho é hoje continuado, em uma organização que se chama "Vida numa jarra" (life in a jar) IRENA SENDLER -
Nascida em 15 de fevereiro de 1910, era enfermeira do Departamento de Bem Estar Social de Varsóvia quando a Alemanha nazista invadiu a Polônia em 1939.
Varsóvia era, naquela época, a capital judia da Europa com cerca de 350 mil judeus, alvo certeiro à sanha genocida de Hitler e seus seguidores. Durante os anos tenebrosos de ocupação, Irena Sendler ajudou como pôde, sem distinção de credo ou raça, a todos que necessitassem de auxílio.
Em 1942 os nazistas criaram, o que viria a ser chamado de Gueto de Varsóvia, um emaranhado de prédios sujos e infestado de pragas onde os judeus "pernoitavam" antes da decida derradeira ao inferno. O plano era mantê-los ali, à mercê do frio, da fome e de doenças, forma cruel e desumana de tentar diminuir a "demanda" rumo aos Campos da Morte.Gueto de Varsóvia.
Diante disso, Irena Sendler não se conteve e procurou novas formas de ajudar os que mais precisavam: obteve junto aos órgãos sanitários autorização que lhe dava acesso ao Gueto e começou trabalho de prevenção de epidemias - os alemães, apesar de desejarem a morte de judeus por conta das doenças, tinham pavor de que possíveis epidemias saíssem de controle e acabassem por atingir os poloneses não-judeus e os membros do exército nazista.Crianças judias no Gueto de Varsóvia.
Assim, pôs-se em contato com famílias e entidades de fora do Gueto que aceitassem receber e proteger os pequenos judeus que seriam retirados de forma clandestina. Ao mesmo tempo, começou a propor às famílias a idéia. A pergunta que mais escutou foi: "Pode prometer que meu filho viverá?". Irena Sendler pensava: "O que podia prometer quando nem sequer sabia se eu conseguiria sair viva do Gueto?". A única certeza era que permanecer ali significaria morte certa para todos, por algo que tinha de ser feito urgentemente.
Irena Sendler foi trabalhar no local mais perigoso e insalubre da Varsóvia e, como forma de solidariedade ao povo judeu, ao caminhar por entre os condenados, ostentava a mesma estrela de David que os marcava. Dentro do Gueto, Irena Sendler elegeu como sua missão salvar os mais vulneráveis à barbárie: as crianças.
E foi assim que, ao longo de um ano e meio, sob o risco diário de ser capturada, Irena Sendler conseguira retirar cerca de 2.500 crianças judias do Gueto de Varsóvia. Para isso ela utilizou todos os meios de que dispunha: começou a recolhê-las em ambulâncias como vítimas de tifo. Depois, foram sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacas de batata, caixões - qualquer lugar onde pudesse esconder uma criança servia para livrá-las daquela irracionalidade.
Muitas vezes Irena Sendler teve que sedar os pequenos fugitivos como forma de evitar serem descobertos. Depois, treinou um cachorro para latir diante dos soldados nazistas, forma de abafar qualquer barulho que revelasse o esquema e afastar os algozes e suas rotineiras verificações.E pensando no dia em que a Guerra terminaria, Irena Sendler manteve, por todo o tempo de seu trabalho, tal qual tesouro precioso, uma detalhada lista com as informações de todas as crianças retiradas: nome judeu, nome novo, família de origem e nova família ou instituição que as abrigava. Irena Sendler retirou crianças do Gueto até 20 de Outubro de 1943, quando foi descoberta e presa pela Gestapo. Levada para a Prisão de Pawiak, foi sistematicamente torturada e humilhada. Durante as contínuas sessões de tortura, Irena Sendler teve os ossos dos pés e das pernas quebrados e, mesmo assim, não revelou nenhum nome ou localização de crianças ou colaborador. Foi condenada à morte, mas acabou salva graças à intervenção de seus companheiros de luta: um oficial alemão, devidamente comprado pela resistência polonesa, ao lhe guiar para um "interrogatório extra", gritou em polaco - CORRA! E ela correu.
No dia seguinte seu nome constava na lista de poloneses executados, e, dada como morta.
Irena Sendler pôde, com nome falso, continuar a fazer o bem possível até o fim da guerra. Os nomes de seus pequenos judeus, ela havia enterrado em garrafas de vidro no quintal de uma vizinha, já prevendo o dia em que seria capturada. Terminada a guerra, a lista foi entregue a Adolfo Berman, primeiro presidente do Comitê de Salvação dos Judeus Sobreviventes, para que pudesse tentar encontrar as famílias e lhes entregar suas crianças. Infelizmente a maior parte das famílias tinha sucumbido nos campos nazistas, mas as identidades não se perderam. Por conta da ocupação comunista da Polônia, a história de Irena Sendler não foi divulgada e nem era conhecida. Só foi revelada em 1999, quando quatro jovens americanas da região rural do Kansas, Estados Unidos, instigadas por um professor, começaram a pesquisar sobre a polonesa, com base em uma curta nota de jornal – “Os outros Schindler´s”. Para surpresa das estudantes, Irena Sendler estava viva e bem de saúde, com 90 anos, morando ainda na Polônia. Estabeleceram contato, enviaram e recebera cartas, fotos, informações e documentos. Acabaram por escrever uma peça de teatro intitulada "A Vida num Pote de Vidro", que atravessou o país, alcançou o Canadá, a Europa e, finalmente, a própria Polônia. A história virou filme (O Coração Corajoso de Irena Sendler, 2009), infelizmente pouco conhecido e divulgado.
Em 2001, quando houve o primeiro encontro das alunas com Irena Sendler, na Polônia, existia somente uma página na internet sobre ela; hoje são mais de 320 mil. Em 1965, a organização Yad Vashem de Jerusalem outorgou-lhe o título de Justa entre as Nações e nomeou-a cidadã honorária de Israel, mas o prêmio não foi entregue já que o governo comunista polonês proibiu Irena Sendler de viajar.
Em 1991, já sob a égide "democrática", o prêmio foi reafirmado e entregue. Em Novembro de 2003, o presidente polonês Aleksander Kwasniewski concedeu-lhe a mais alta distinção civil da Polônia: a Ordem da Águia Branca. Em 2007, foi condecorada com a Ordem do Sorriso, prêmio da ONU – a mais importante distinção concedida àqueles que buscam o bem de crianças de todo o mundo.
Ainda em 2007, Irena Sendler foi apresentada como candidata para o prêmio Nobel da Paz pelo Governo da Polônia, iniciativa do presidente Lech Kaczynski apoiada pelo Estado de Israel e pela Organização de Sobreviventes do Holocausto.
O prêmio, no entanto, foi dado ao ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, por conta de um slide-show em powerpoint sobre o clima global. Irena Sendler morreu em 12 de maio de 2008, na Polônia, sem nunca ter se considerado uma heroína. Dizia somente ter feito o justo e o correto no momento necessário, segundo ensinamentos paternos baseados na bondade e na humanidade.
Após salvar 2.500 crianças do Gueto de Varsóvia, e salvá-las uma segunda vez mantendo segredo de suas identidades enquanto aprisionada, nos seus últimos anos Irena Sendler esteve presa a uma cadeira de rodas, consequência da tortura e barbárie sofrida nas mãos da Gestapo!"A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade" (Irena Sendler).
http://www.irenasendler.org
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