sábado, 1 de março de 2014

Lenda Yansã de Ygbalé




Yansã estava cansada de se ver submissa ao domínio dos orixás masculinos, que eram detentores do poder. Então saiu pelo mundo visitando o reino de cada orixá-homem, com a intenção de ter esses poderes também para si.

Ganhou nas matas o domínio do Ofá e, Oxóssi lhe ensinou a se disfarçar de Búfalo, ganhando a sua pele e seus chifres;

Na Forja aprendeu com Ogum a brandar a espada e a lutar exíminiamente;
Com Xangô, sua parte masculina, aprendeu a manipular o fogo e a controlar os relâmpagos; Com Oxaguiã aprendeu a arte do pilão e assim por diante.
Andou o mundo até chegar no reino de Omulú. Lá tentou de tudo, mas o Orixá não se rendia a seus encantos. Se vendo sem alternativas, Yansã dançou no vento pelos sete cantos do mundo em homenagem ao senhor da terra, que sequer se comoveu com o ato ousado da yabá.

Omulú já era bem velho, e conhecia o comportamento intempestivo de Yansã, mas se surpreendeu quando percebeu que ela, sem mais artifícios, prostou-se de joelhos no chão e pediu Agô. Pediu humildemente que Omulú lhe desse alguma sabedoria, e o velho vendo que finalmente ela havia entendido o que ele queria passar, lhe entregou o domínio do cemitério e a responsabilidade das almas que lá se encontram.

Com seu Eruexim, instrumento sagrado feito com rabo de cavalo e cobre ou seu ramo de Mariwó, folha do dendezeiro, conduz os espíritos desencarnados para o Orúm (Céu). Assim como não permite que os Eguns, espíritos, perturbem os vivos.

Ganhou o nome de Yansã de Ygbalé (Senhora dos mortos).

Essa qualidade de Yansã, diferentemente das outras, se veste totalmente de branco (como sinal de luto pelas almas desencarnadas que comanda).




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